sábado, 29 de agosto de 2009

E...SE SOBRAR MORFINA?

tocava legião, o sol batendo no vidro fumê dava uma sensação de impotência - silêncio absoluto, quase mórbido. ela estava jogada no banco de trás, balançava os olhos como quem sente o som mas não entende a música - era quase lamentavel, e era tão invejável...
o silêncio foi quebrado quando alguém me perguntou: á direita?
'sim, a direita' - mas não tirava os ollhos dela.
e...se sobrar alguma morfina?
doses diárias de felicidade e lânguidez momentânea.
teriam de ser incrivelmente calculadas, doses.
e fui me entregando a uma lânguides quase que osmótica...
o sol refletia a sujeira do vidro, ao fundo eu, me olhando - tentando achar um motivo que não me desconcetrace, que não me desconectasse - era eu.
e por onde eu tinha ido? e por onde eu tinha andado?
tinha sardas e estava mais queimada; tinha raiva e meus cabelos estavam grandes; tinham amor mas não queria ser amada...
oh, sim - eu.
êxtase - profano - incrível.
há de sobrar, há de sobrar...
fui interrompida pela inércia, pelo fechamento brusco de um carro cinza quatro portas, de som alto e com três homens bêbados.
e ela ainda estava incrível, sem nenhuma emoção, com as mãos leves, a boca entre-aberta e uma incrível face macilenta de prazer.

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